quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Liberdade é parar o tempo para um amigo...

Precisava escrever...
Hoje tive uma quarta feira atípica...
Não sei por qual conjunção astral, duas grandes amigas passaram na minha casa...
Uma para o café da manhã e outra, para almoço... mas ela não tinha fome e acabamos só conversando...
Falar com amigos pode ser libertador.
Por isso, dediquei a elas minha quarta feira...
Libertador porque não nos sentimos tão só...
Libertador porque temos alguém que pensa como a gente e tem as mesmas dúvidas...
Libertador porque amigo é muito diferente de alguém que vc paga pra te ouvir...
Libertador porque somos mesmo um em nossas angústias existenciais...
Todo mundo busca a mesma coisa:
Uma maneira de se expressar e de ser compreendida.
E quando não nos fazemos compreender, dói muito...
Porque questionamos onde estamos errando...
Minhas amigas e eu estamos em crise existencial.
Melhor do que nos isolarmos em nossos casulos é trocar...
Obrigada, minhas amigas, por vocês terem me escolhido hoje...
Namaste...

Prefiro ser uma metamorfose ambulante

Ele chegou em casa e eu estava quieta, navegando na internet como quem vai a deriva no meio do oceano, sem pressa...
Sentiu no primeiro momento que eu estava diferente...
Fez graça, puxou conversa, tocou violão, puxou conversa de novo, tentou me animar com aquelas palavras que a gente sempre usa quando alguém que amamos está triste...
Mas eu não estava triste. Estava em crise, é diferente. Gosto de crises, elas me chacoalham,
me obrigam a refletir, considerar, investigar a fundo o que realmente quero da vida...
Se admitirmos a crise ao invés de fugir dela, certamente tiraremos grandes ensinamentos.
Não quero me cobrar perfeição e estabilidade, apenas porque devo servir de exemplo a meus alunos e amigos.
Quero ter direito a pausa. Direito de achar que está tudo errado e devo mudar.
Porque tudo o que não quero na vida é estabilidade. Simplesmente porque ela não existe.
O que existe é equanimidade, equilíbrio, diante dos tsunamis metafóricos que acontecem na nossa vida.
Existe também aceitação, humildade ara compreender que tudo que acontece
é para nosso crescimento.
O que estou sentindo nestes dias de crise, TPM ou inferno astral, seja lá que nome tiver,
é uma crise existencial criativa,
e todas as vezes que recebo os questionamentos que me aparecem com compaixão,
acabo tirando grandes ensinamentos.
"Prefiro ser essa metamorfose ambulante ,
do que ter a mesma velha opinião formada sobre tudo"....
namaste...

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Não adianta apressar o que precisa amadurecer.

A segunda feira passou e a síndrome continuou...
Vontade de parar no tempo, vontade de ficar quieta e escutar o silêncio.
Devemos respeitar os momentos em que o corpo pede que paremos...
Algumas vezes, melhor é não agir do que agir pela metade.
Toda crise é uma grande oportunidade de crescimento,
assim devemos olhar o problema de frente, lutar para que possamos superar
e entregar, porque muitas vezes não adianta apressar o que precisa amadurecer.

Hoje vieram duas alunas novas, de perfis absolutamente diferente.
A aula que eu havia preparado não seria a melhor aula para iniciantes,
então, imediatamente, mudei a aula que daria...
Fiz uma aula suave, restaurativa, enfatizando a respiração e a parte mais filosófica do yoga.
No fim da aula, dois feedbacks completamente diferentes:
uma, agradeceu imensamente, disse que tinha encontrado o que buscava,
que como eu havia dito na aula, yoga sem respiração não é yoga, é alongamento.
Esta pessoa que buscou o yoga porque estava estressada e ansiosa,
encontrou na minha aula, um oásis de paz e imediatamente, foi fazer sua matrícula.
A outra me perguntou: não tem uma aula que me faça suar e perder peso???
Disse que sim, que se ela procurar, vai encontrar várias aulas mais aeróbicas do que a minha...
Depende do que se quer com o yoga, eu disse.
Yoga visa a libertação, moksha.
O que não visa moksha e sim, um corpo sarado, não é yoga.
Imagino que esta aluna não voltará...
Namaste...

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Medo de não cumprir o dharma

Sofro de síndrome de segunda feira...
Não tenho vontade de fazer nada, a não ser prolongar o domingo no corpo, na mente, no coração.
Isso não deve ser bom... Uma professora de yoga com síndromes...
Pois é... Temos síndromes, doenças, angústias existenciais...
E, graças ao yoga, passamos a administrá-las de forma mais tranquila, tentando não ferir ninguém,
porque acreditamos e praticamos ahimsa, não violência.
Ao estudarmos as escrituras védicas, vislumbramos o caminho, compreendemos que o Ser é essencialmente pleno,
feliz, por isso não há nenhuma razão para ter medo...
Mas nós temos medo... Principalmente de não cumprir o nosso dharma, de ficarmos amarrados nas armadilhas do ego
que já entendemos como apenas aquele que age, e nos desidentificarmos com ele...
Mas nos identificamos o tempo todo, porque convivemos mais com o ego, aquele que age,
do que com o Ser, aquele que somos.
Precisamos meditar mais, seja de que maneira for, praticando asanas, caminhadas, surf,
plantando,cozinhando, escrevendo trabalhando,
precisamos viver em estado meditativo.
E isso significa simplesmente viver em estado de atenção.
Atenção com o que pensamos, falamos,
com nossos atos e escolhas,
atenção ao outro...
namaste

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Meditando no tempo...

PAUSA. Feche os olhos...
Pense na maneira como você tem se tratado... Com amor, ou com indiferença?
Você simplesmente re-age aos acontecimentos?
Agora pense nas pessoas mais próximas... aquelas que moram com você...
Você realmente as enxerga? Ou olha e não as vê???
Você não está deixando de ver seu filho crescer, sua mulher amadurecer, seu marido se afundar no trabalho, porque está sem tempo???
Mas o que é tempo???
Esse aí do qual todos sentem falta e ninguém tem???
E o tempo da pausa, do abraço, do sonho???
E o tempo de perder a noção do tempo quando estamos inteiros no que fazemos?
É deste tempo que estou falando...
Este é o único tempo que conta...
O tempo que para quando estamos com quem amamos, fazendo coisas que realmente nos interessam, viajando...
O tempo que exige que falemos: queria que o tempo parasse agora...
Por que não parar sempre???
Por que não conseguir parar o tempo de manhna, de tarde, de noite, de segunda a sexta?
Criar seu próprio tempo...
Tempo de parar o tempo...
Namaste...

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Somos ondas do mar...

Inspire...
Tente sincronizar sua respiração com as ondas do mar...
Sinta-se como uma onda neste imenso mar...
Nada mais importa...
Nem o presente nem o passado...
Apenas a onda...
Apenas este momento...
Apenas a sua respiração...
Entregue a este momento seus medos, suas fraquezas, condicionamentos...
Renda-se...
Quando estamos em grupo, nossa energia é potencializada.
Saiba que todos aqui buscam a mesma coisa que você: a felicidade...
A boa notícia é: Nós já somos felizes!!!
Se pararmos de procurar fora o que está guardado lá dentro, descobriremos que já somos o que queremos ser!!!
Tudo já nos foi dado!!!
O maior presente nós já ganhamos: nascer como humanos...
A ignorância desta plenitude que somos é o que nos faz sofrer...
E todos sofremos...
Pobres de nós, perdidos, procurando em shoppings, carros, viagens, jóias, vestidos e plásticas o que já temos de sobra...
Gastando um tempo enorme e energia danada trabalhando para comprar o que temos em abundância...
Só precisa fechar os olhos e esperar...
só precisa respirar...
Namaste...

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Quem sou quando não cumpro um papel???

“Eu quero a sorte de um amor tranqüilo, com sabor de fruta mordida...”

Sempre disse que esta música de Cazuza era meu hino... Talvez porque sempre estive envolvida em relações complicadas, passionais, egoístas e intensas...
Desde a adolescência, tive vocação para casos complicados...
E achava que amor era isso. Sofrimento, lágrimas, despedidas...
Isso que eu sentia e sentiam por mim era, na verdade, projeção.
Éramos seres ignorantes e perdidos na ilusão de sermos o nome que nos chamaram, ou a profissão que escolhemos,
o amor de outra pessoa, ou pai de alguém, mas e o Ser?
Quem eu sou realmente? Quem eu sou quando estou desidentificada destes papéis que escolhi exercer?
Não sei. Mas pelo menos agora compreendo o real estado de plenitude do Ser que posso vir a ser
mesmo que momentaneamente eu esteja identificada demais com meu ego e não consiga enxergar.
Sei onde posso encontrá-lo. E certamente não é fora de mim...
Em coisas simples como um mar morno e transparente, um por do sol ou um arco-íris visto inesperadamente,
uma flor desabrochando, um gesto de carinho de um desconhecido ou mesmo fazendo amor com quem amamos,
nossa felicidade está muito mais perto do que pensamos,
e podem estar nestes fragmentos no tempo que nos trazem alegria e paz...

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Viver o dharma.

Ser íntegro significa ser coerente entre o que se diz e o que se faz.
Não importa onde trabalhemos ou moremos; se numa cidade como São Paulo ou num ashram na Índia.
Estamos onde devemos estar. Por isso, resta-nos agir de onde estivermos com as ferramentas que dominamos.
Não adianta acharmos que mudando de endereço, os problemas ficarão na casa velha.
Já sabemos que não adianta fugir, pois os problemas vão conosco em nossas malas.
Viver o dharma não é apenas estudar as escrituras sagradas.
É aplicar o dharma no trânsito, na fila do banco e com as pessoas que pisam no nosso calo.
São estas pessoas os nossos maiores mestres.
Namaste...

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

A vida é Mahalia.

A vida é mahalila, um grande jogo.
Sendo jogo, deveríamos nos divertir muito mais, rir mais, ser mais leves, mais brincalhões.
E nos envolvermos menos com os diversos papéis que cumprimos, pois eles são apenas isso:
personagens de um grande espetáculo.
Em francês, a palavra usada para o ato de representar é “jouer”.
Em inglês, “to play”. Ambas também significam jogar, brincar.
Se levássemos a vida menos a sério, talvez fôssemos mais felizes...
As coisas são como são porque não podem ser diferentes.
Nossa tentativa de buscar uma causa para tudo é que faz com que soframos.
Quando algo vai mal, pensamos em por que isso aconteceu comigo? O que fiz para merecer isto?
Por que eu? Por que?
Buscar causas para tudo é individualizar demais os fatos da vida....
Mais do que saber as causas, o importante é continuar o jogo. Tenha certeza: nada é pessoal!
Deus está ocupado demais pra te culpar ou castigar. As outras pessoas também estão ocupadas demais
tentando jogar o jogo delas.
As coisas são assim porque são, porque de alguma maneira você escolheu passar por isto para evoluir, para aprender.
Namaste...

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Sagrada foi a vida e sagrada é a partida.

Quando perdemos alguém que amamos, devemos aceitar, mesmo sentindo uma dor que parece que não passará nunca...
Aceitar com amor! Porque sagrada foi a vida e sagrada é a partida.
Quem garante que lá, onde ficam os espíritos, não é muito mais bonito do que aqui?
O que ficou por dizer, o que não fizemos foi o que poderíamos ter feito naquele momento.
Um dia, nos reencontaremos com quem partiu sem se despedir.
Somos seres espirituais vivendo brevemente como humanos!!! Voltar a ser espírito deve ser como voltar para casa...
Ishvara Pranidhana é também oferecer os frutos das ações a esta força maior.
Ou seja, tanto a intenção, a causa, quanto os frutos que virão são oferecidos. Nada fica para nós.
O ego, aquele que age, nada colhe. Ele age porque é seu dharma agir, mas desapega-se dos frutos.
Isto muda a concepção errônea que às vezes temos de karma yoga, como sendo ação desinteressada, sem expectativas.
Neste caso, existe a expectativa porque quando ajo, espero os frutos da ação, mas os entrego. Nada fica!
O ato de comer passa a ser sagrado. Não vemos o alimento apenas como o objeto de satisfação de nossa fome e sim, como uma prasada, uma oferenda divina, que merece ser degustada com atenção.
Nosso banho deixa de ser algo automático e passa a ser como banhar-se nas águas dos rios sagrados.
E assim, todos os nossos dias podem se tornar sagrados, assim como todos os nossos atos.
É só manter a conexão. É só não cortar o cordão...
Namaste...

terça-feira, 15 de setembro de 2009

O que tem que ser, será...

No Bhagavad Gita, Krishna diz: “ Aquilo que tiver que ser, será”.
Isto significa que não adianta resistir àquilo que nos acontece diferente do que gostaríamos.
Aconteceu porque sim. Ao invés de procurar razões, dizer sim à vida! Sim, sim, sim.
Receber de braços abertos como a montanha recebe a chuva, o vento, as devastações
e não deixa de ser montanha.
Permanece firme, cumprindo a sua missão de montanha.
Nietzche diz: “Aquilo que não me mata imediatamente, me fortalece.”
Receber a dor como ensinamento, como presente, oportunidade de crescimento e não lutar contra ela.
Encarando a dor, eu a recebo e me fortaleço!!!
Namaste...

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Fazer de cada ato uma oracão

Ishvara Pranidhana é entregar-se a Deus. É render-se....
Este deus que pode ter a forma que você quiser, pode ser santo, guru, iluminado, do reino animal, do mineral,
pode ter a forma da onda do mar, pode ser rio, pode ser por do sol, Buda ou Cristo,
mas é alguém ou algo aos pés de quem você se prostra.
Seja deitado, de joelhos, abaixando a cabeça ou com o sinal da cruz. Você se curva.
Entregar-se é muito mais do que respeitar. É dedicar cada minuto de sua existência a essa força suprema.
É fazer com que cada ato seja sagrado. Deixar de re-agir e passar a agir com discernimento,
porque essa capacidade de escolher entre o certo e o errado é a única diferença que temos dos animais.
Como seres humanos e encarnados, podemos ritualizar cada ato que fazemos,
dando às nossas ações o caráter de escolhas e não de reações.
Assim, eu escolho agir de acordo com as leis do dharma e fazer de cada ato um puja, ou seja, uma doação.
Eu existo para servir a algo que é muito maior que o meu ego que faz.
Trabalho para melhorar a vida das pessoas ao meu redor, e procuro não ferir nem magoar ninguém
com palavras ou atitudes. Isso é Ishvara pranidhana.
Namaste...

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Porque ele sou eu...

“A amizade atinge a sua irradiação total na maturidade da idade e do espírito.”
Montagne

No caminho espiritual, encontramos muitos amigos.
Pessoas que se irmanam em uma mesma busca e isso as torna mais próximas do que outras
que conhecemos há muitos anos. Sempre me inquietou esta enorme familiaridade,
essa sensação de “dejá vu” com pessoas que mal conhecemos.
Só posso crer que este é apenas um re-encontro e que já éramos parte da mesma egrégora em outras vidas.
Estes re-encontros vem carregados de impermanência em sua própria natureza e assim,
fica mais leve, sem cobranças, porque parece que sabemos que há uma “liga” maior que nos une:
a liga do caminho espiritual, da busca de quem somos, da compreensão de que somos um
e a vitória do outro também é nossa.
“Na amizade a que me refiro, as almas entrosam-se e se confundem em uma única alma, tão unidas uma a outra que não se distinguem, não se lhes percebendo sequer a linha de demarcação..” (Montagne)

Montagne escreve em seu lindo ensaio sobre a amizade,
porque ele amava incondicionalmente seu amigo Etienne de La Boétie:
“Se insistirem para que eu diga porque o amava, sinto que não o saberia expressar senão respondendo: porque era ele... porque era eu”...
Aos amigos que encontro no caminho, dedico meu amor incondicional,
porque ele sou eu, e porque eu sou ele...
Namaste.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Precisamos não ter medo de procurar.

Yoga não é um conhecimento para ficar trancado em guetos,
e sim, para ser vivido em todas as horas e lugares e por todas as pessoas.
É muito fácil ficarmos trancados em nossos deliciosos retiros e cursos
que enchem nossa alma de sentido e certezas.
O duro é ser yogui onde ninguém é... Onde a gente se sente um alienígena.
Todos, que estamos na busca de quem somos, já somos mestres, apenas ainda não sabemos...
Intuimos que a vida tem um sentido muito maior do que as funções que nosso ego cumpre,
mas ainda temos um véu que insiste em não nos deixar ver.
Para isso, buscamos nossos mestres. Para que eles nos ajudem a tirar o véu.
Portanto, ao se deparar com um mestre que deposite em você expectativas e cobranças, tenha compaixão.
Entenda que ele é tão passível de falibilidade quanto você, apenas está a alguns kilômetros na sua frente.
Ou metros...
Levei muito tempo pra entender o que nenhum mestre vai me ensinar:
que aquilo que eu insisto em procurar nos livros e nas aulas, está dentro de mim.
Preciso apenas parar de ter medo de procurar...
No Bhagavad Purana, Krishna diz:” você deve ser um jardineiro de Deus, administrando cuidadosamente o jardim,
mas jamais se tornando apegado por aquilo que irá florir ou brotar; que irá dar frutos ou que irá murchar e morrer.
A expectativa é a mãe da frustração e o aceitar, nos dá paz.”
Assim, agradeço aos mestres que me acolheram, assim como àqueles que me frustraram.
Talvez tenha sido com estes que eu mais tenha aprendido...
Namaste.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Conhecimento guardado é estrume.

No Bhagavad Gita, krishna nos ensina que:
“Obtem-se a paz quando todos os desejos dissipam-se dentro da mente sem criar qualquer distúrbio mental,
como as águas de um rio entram no oceano sem causar qualquer distúrbio”
Assim, quando nos depararmos com pessoas, pelas quais sentimos admiração, devemos ser como a abelha
que tira de cada flor o necessário para fazer o seu mel.
Devemos absorver de cada mestre que encontramos a sua experiência, mas tendo a sabedoria de não esperar
que a nossa jornada seja igual a dele.
Esperar que o professor nos guie pelos caminhos que ele percorreu, necessariamente levará a frustrações.
Na relação com um mestre, é preciso ser tábula rasa, não idolatrar,
e nem esperar que ele tenha por você a mesma admiração que você tem por ele.
Afinal, não foi ele que te escolheu. Foi você quem o procurou.
No entanto, não devemos confundir desapego com indiferença.
O verdadeiro mestre distribui seu conhecimento sem distinções, sem esperar nada em troca.
Ele dá porque esta é a sua missão. Ele sabe que deve ensinar como retribuição ao que aprendeu com seus próprios mestres.
Como disse meu professor: conhecimento guardado é estrume!!!
De nada adianta criarmos métodos, escrevermos livros, se não exercitamos o conhecimento na prática.
O estudo serve para chegarmos ao auto conhecimento, mas a erudição por si só não leva ninguém à iluminação.
É preciso compartilhar, não apenas com os iguais, mas principalmente, com os que discordam de nós.
A erudição é uma faca de dois gumes.
É preciso ter muito cuidado para não nos acharmos melhor do que os outros,
nem nos fecharmos em pequenos grupos de “iguais”,
porque assim, vamos contra a essência do yoga que é a união e a expansão.
Namaste...

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Cabe a nós a escolha do caminho...

EXPECTATIVA: esperança, baseada em supostos direitos, probabilidades ou promessas; algo que se espera.

Quando nos programamos para fazer alguma coisa, inevitavelmente, surge uma expectativa.
No caso de uma viagem, a respeito do lugar, das pessoas que vamos conhecer, da comida, dos hábitos...
No trabalho, esperamos ser reconhecidos, remunerados, respeitados.
Ao praticar asanas, espero um corpo saudável que me permita vivenciar minha sadhana da melhor maneira possível.
Quem escreve, espera ser lido...
Quando começamos uma relação amorosa, por mais que digamos que não esperamos nada da outra pessoa, no fundo esperamos que dê certo.
Do contrário, ficaríamos sozinhos.
Enfim, quando buscamos algo, queremos encontrar...
Isso também acontece em relação aos nossos estudos, às diversas formações pelas quais passamos e aos mestres que vamos encontrando pelo caminho.
Esperamos encontrar nos mestres as respostas de nossos enigmas quando, na verdade, eles, os enigmas, fazem parte do nosso desenvolvimento e de mais ninguém.
Os mestres também estão em busca da solução dos seus enigmas.
Queremos deles atenção, tempo, dedicação, mas eles também tem seus mestres e também querem tempo e atenção.
Cobramos coerência, retidão, e generosidade, mas às vezes esquecemos que eles também são humanos, lutando desesperadamente para não se deixarem levar pelo ego que insiste em querer dominar.
Ao escolhermos um mestre, devemos ter claro que ele não está ali para nos pegar pela mão e conduzir em direção a iluminação. Ele pode nos indicar o caminho, mas as estradas que tomamos, cabe apenas a nós, escolher.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Tudo é tão pouco...

"Trago dentro do meu coração como num cofre que não pode fechar de cheio,
todos os lugares onde estive,
todos os portos que cheguei,
todas as paisagens que vi através de janelas ou vigias ou de tombadilhos,
sonhando, e tudo isso que é tanto é pouco para o que quero."
ALVARO DE CAMPOS

A saudade faz parte do jogo.

O que fazer quando a saudade de quem amamos nos faz sofrer???
A saudade é parte da vida. Devemos reconhecê-la, e não nos identificarmos com ela,
assim como fazemos com os pensamentos que perturbam a nossa meditação.
Aprendemos a deixá-los passar, a não dar a eles uma importância maior do que eles realmente tem: a de pensamentos.
Quanto ao amor que nos leva a dividir a vida com alguém, devemos aprender a vê-lo como o amor incondicional que somos, que enxerga no outro a sua própria liberdade, que não vê diferença entre eu, ele e os outros.
Muitas vezes somos tentados a jogar em quem está mais próximo as nossas frustrações e traumas,
abusando do conforto que a intimidade nos dá. Devemos tratar quem está do lado com mais cuidado ainda,
porque são estas pessoas que mais nos ensinam.
Então, a medida da saudade de um yogi, assim como a de todas as suas ações, deve ser o amor!
Enquanto tivermos um ego que age mais rápido do que o Ser que ainda não conhecemos,
nossa medida deve ser a retidão que ensina krishna a Arjuna:
“Não abalado pela adversidade,
Não procurando a felicidade ardentemente,
Livre do medo, livre da raiva,
Livre das coisas do desejo:
Eu o chamo um vidente, um iluminado.
Os vínculos de sua carne estão quebrados.
Ele é feliz e não se rejubila.
Ele é infeliz e não chora.
Eu o chamo iluminado.
Obedecer ao Atman
É sua alegria tranqüila:
A tristeza se dissolve
Nesta paz transparente.
Sua mente se aquieta
Logo se estabelece na paz.”
Namaste..