sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Da argila ao pote (parte 1)

Sofremos da síndrome do potinho.
Se, ao invés de humanos, nascêssemos como potes de argila dotados de mente,
pensaríamos mais ou menos assim: "sou um ínfimo potinho, vulnerável,
esquecido numa prateleira qualquer da cozinha, muito inferior aos outros potes que existem na casa".
O que não sabemos é que os demais potes, por maiores e enfeitados que sejam,
também se sentem muitas vezes inferiores a outros potes.
Também se acham mofados e esquecidos no porão daquela casa onde os donos vivem viajando.
Pensamos que somos um pobre potinho e queremos ser o outro, maior, mais decorado e atraente.
Queremos ter a forma do outro, a função do outro, o design do outro.
Morremos de medo de cair da prateleira e quebrar.
Ou pior, de sermos esquecidos ou jogados fora...
Vivemos com medo porque não sabemos que antes de sermos pote, somos argila.
Apenas estamos, transitoriamente, na forma de pote. Como potes, nos sentimos limitados.
Mas, se quebrarmos, continuaremos a ser argila.
Portanto, não há nada a temer.
O pote está para a argila assim como o corpomente está para o Ser.
Por conta da ignorância existencial, confundimos o corpomente, com todas as suas limitações e dificuldades,
com o Ser que somos, e acabamos por atribuir ao Ser, que é intrinsecamente ilimtado e pleno,
as limitações inerentes ao corpomente.
E não devemos querer ser mais do que argila porque a argila é perfeita em si mesma.
Ela é o Todo!
Nós já somos as pessoas que queremos ser,
perfeitas dentro das nossas imperfeições.
Namaste...

PS: Escrevi este texto a partir do curso sobre Ramagita, com Pedro Kupfer, outubro, Mariscal.

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